A genética e o lipedema estão intrinsecamente ligados, e entender essa conexão pode ser fundamental para diagnóstico e tratamento eficazes dessa condição.
Como médico, percebo que muitas das minhas pacientes com lipedema possuem histórico familiar da doença, o que reforça a ideia de um forte componente genético.
O lipedema é uma condição crônica que afeta principalmente mulheres e é caracterizado pelo acúmulo anormal de gordura em certas partes do corpo, levando à dor, inchaço e, eventualmente, complicações significativas de mobilidade.
Neste artigo que compartilho abaixo, vou explicar como a genética influencia o lipedema e o papel dos genes no desenvolvimento dessa doença inflamatória.
Influência genética no desenvolvimento do lipedema
Estudos indicam que a genética e o lipedema estão interligados por meio de padrões hereditários observados em famílias afetadas pela condição.
A presença de lipedema em múltiplas gerações sugere uma predisposição genética, que pode ser crucial para identificar e intervir precocemente na doença. Investigar a genética por trás do lipedema envolve entender como variações ou mutações genéticas podem influenciar o metabolismo da gordura e a resposta inflamatória do corpo.
Alterações genéticas específicas, como a desproporção entre os receptores alfa e beta de estrogênio, são um exemplo de como a genética pode afetar diretamente o desenvolvimento do lipedema.
Essa desproporção resulta em um estado inflamatório crônico, caracterizado por uma hiperplasia e hipertrofia do tecido adiposo. O aumento do tecido gorduroso não apenas dificulta sua expansão, mas também contribui para o acúmulo ectópico de gordura, causando inflamação por compressão mecânica, fibrose e disfunção tecidual.
Aprofundando, a desregulação dos receptores de estrogênio contribui igualmente para o aumento do estresse oxidativo e uma maior capacidade de invasão da doença no tecido adiposo, resultando em disfunção mitocondrial.
Essa alteração afeta também o controle central da fome e do peso, aumentando a sensação de fome e reduzindo a saciedade, o que pode levar ao desenvolvimento de obesidade sem os mecanismos naturais de controle.
Relação genética com outras condições médicas
A relação entre genética e lipedema pode também predispor as pessoas a outras condições médicas, como resistência à insulina, problemas cardiovasculares e distúrbios hormonais. Essas associações sugerem que a genética não apenas influencia o desenvolvimento do lipedema, mas também interage com outras vias metabólicas e inflamatórias no corpo.
A identificação de fatores genéticos comuns entre o lipedema e outras doenças pode facilitar uma abordagem terapêutica mais holística e personalizada. Por exemplo, entender como a genética impacta tanto o lipedema quanto outras condições associadas permite aos médicos desenvolver planos de tratamento que abordem múltiplos aspectos da saúde do paciente.
Além disso, o reconhecimento de como a desregulação hormonal influencia o lipedema, abre novas possibilidades para intervenções que visem restaurar o equilíbrio hormonal, possivelmente através de terapias direcionadas que considerem o perfil genético individual da paciente, promovendo uma maneira mais eficaz e personalizada de tratar e gerenciar o lipedema.
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Busque um tratamento integrativo
O papel da genética no lipedema é complexo e profundamente integrado com muitos aspectos da saúde física e metabólica. Compreender esta relação é fundamental não apenas para tratar o lipedema, mas também para educar e empoderar minhas pacientes sobre como sua genética pode afetar a saúde geral.
Se você suspeita que pode ter lipedema, ou se há um histórico familiar da doença, encorajo você a agendar uma consulta. Vamos explorar suas opções de tratamento e discutir estratégias para gerenciar sua condição de maneira eficaz.
Lembre-se, o conhecimento sobre a genética e o lipedema é uma ferramenta poderosa na luta contra esta doença, e você não está sozinha nesta jornada.
Agende sua consulta e dê o primeiro passo para entender melhor o seu corpo e como cuidar dele de maneira mais eficaz.