Lipedema na adolescência: como identificar e tratar

Identificar o lipedema na adolescência pode ser um grande desafio, mas é nesse período que os primeiros sinais costumam aparecer. 

Embora muitas pessoas associem o lipedema a mulheres adultas, é na adolescência — especialmente com a chegada da puberdade e as alterações hormonais — que o quadro começa a se formar. 

Por isso, entender como o lipedema na adolescência se manifesta é o primeiro passo para garantir um diagnóstico precoce e evitar o agravamento da condição.

Ao longo dos anos, atendi muitas adolescentes que sofrem em silêncio por não entender o que acontece com o próprio corpo. Muitas me dizem que tentam de tudo: dieta, academia, drenagem, e nada muda. Isso porque o lipedema não é gordura comum, e sim um acúmulo de gordura doente e inflamada, que não responde às estratégias tradicionais de emagrecimento. 

Saber identificar o lipedema na adolescência pode mudar o rumo dessa história, reduzindo sintomas e melhorando a autoestima.

A falta de diagnóstico correto também tem um impacto psicológico enorme. As adolescentes com lipedema costumam se comparar com amigas, sentir vergonha do próprio corpo e acabam evitando atividades sociais, o que leva a quadros de ansiedade e depressão. 

Por isso, quanto mais cedo começarmos o tratamento, mais qualidade de vida a paciente terá. Agora vou te explicar como reconhecer o lipedema na adolescência e o que fazer.

Como identificar o lipedema na adolescência?

O lipedema na adolescência tem sinais bem específicos. Embora muitas famílias e até médicos confundam com obesidade ou “gordura localizada”, é importante prestar atenção em alguns detalhes.

Primeiro, o aumento do volume nas pernas. Essa gordura se concentra, principalmente, na parte inferior do corpo: quadris, coxas, joelhos e tornozelos. Muitas vezes, o tronco permanece fino, o que cria um contraste acentuado entre a parte superior e inferior do corpo. A adolescente, então, percebe que suas calças não servem, mesmo com o restante do corpo magro.

Outro sinal importante é a dor ao toque. As pernas doem, mesmo com um simples esbarrão, e formam hematomas com facilidade. Isso acontece porque o lipedema é uma doença inflamatória, e essa inflamação afeta os vasos sanguíneos e linfáticos, deixando a pele mais sensível e suscetível a hematomas.

Além disso, mesmo com dieta e exercício, o volume nas pernas não reduz. Isso gera frustração, porque a adolescente faz todo o “certo”, mas não vê resultados. Esse é o momento de suspeitar do lipedema e procurar ajuda especializada.

O papel dos hormônios no desenvolvimento do lipedema na adolescência

O lipedema na adolescência está fortemente ligado ao desequilíbrio hormonal que ocorre nesse período. Durante a puberdade, há um aumento importante de estrogênio, que, em mulheres predispostas geneticamente, desencadeia o processo inflamatório responsável pelo acúmulo anormal de gordura.

É por isso que muitas meninas percebem o início do problema logo após a primeira menstruação, ou quando passam por grandes oscilações hormonais. O corpo, que até então parecia “normal”, começa a mudar rapidamente, com o aparecimento das pernas grossas, desproporcionais ao restante do corpo.

Estudos, como o publicado no Journal of Obesity & Metabolic Syndrome, apontam que a relação do estrogênio com o lipedema é um dos pontos centrais para entender a doença. Por isso, o tratamento precisa sempre considerar o eixo hormonal, e não focar apenas em dietas restritivas ou exercícios excessivos. Cuidar do equilíbrio hormonal desde cedo é fundamental para evitar o agravamento do quadro.

Diferença entre lipedema e obesidade na adolescência

Muitas vezes, as adolescentes com lipedema são vistas como “acima do peso”, mas lipedema não é obesidade. Enquanto a obesidade acontece com o aumento generalizado de gordura por todo o corpo, o lipedema é localizado, inflamatório, e não responde a dietas convencionais.

Além disso, o lipedema na adolescência tem sinais próprios:

  • Desproporção corporal: cintura fina e pernas grossas.
  • Dor ao toque: característica que não aparece na obesidade comum.
  • Hematomas fáceis: surgem mesmo com pequenos impactos.
  • Inchaço que piora ao longo do dia: mesmo sem aumento de peso real.
  • Preservação dos pés: o inchaço e acúmulo de gordura param nos tornozelos, diferente do linfedema.

Por isso, se uma adolescente apresenta essas características, não é apenas excesso de peso. É lipedema e precisa de tratamento específico.

Tratamentos para lipedema na adolescência

O tratamento do lipedema na adolescência precisa ser individualizado, respeitando o corpo em desenvolvimento. Não existe uma pílula mágica, mas sim um conjunto de estratégias que, combinadas, trazem resultados significativos.

Alimentação anti-inflamatória

Reduzir alimentos que inflamam, como açúcar, ultraprocessados e glúten, e incluir alimentos ricos em ômega-3, antioxidantes e vegetais de baixo amido.

Atividade física ajustada

Exercícios de baixo impacto, como natação, pilates e caminhadas, ajudam a melhorar a circulação e reduzir o inchaço. Evitar exercícios de alto impacto, que podem agravar a dor.

Suplementação específica

Como ômega-3, curcumina, vitamina D e antioxidantes (EGCG, resveratrol), sempre prescritos por profissional capacitado, ajudam a controlar a inflamação crônica.

Terapias físicas

Drenagem linfática manual, uso de roupas de compressão, botas pneumáticas, e fisioterapia específica para lipedema.

Avaliação e modulação hormonal

Em alguns casos, o tratamento pode incluir ajuste hormonal, sempre com acompanhamento médico.

O papel do acompanhamento psicológico

Um ponto que pouca gente fala, mas é essencial, é o impacto emocional do lipedema na adolescência. Meninas com lipedema muitas vezes sofrem bullying, se sentem excluídas e não entendem o motivo das mudanças corporais. 

O acompanhamento psicológico é tão importante quanto o tratamento físico, pois ajuda na autoestima e no fortalecimento emocional para lidar com o processo.

Construir uma rede de apoio, incluindo psicólogo, nutricionista, médico e familiares, faz toda a diferença. O tratamento é mais efetivo quando o emocional da paciente está bem cuidado.

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Identificar cedo faz toda diferença

O lipedema na adolescência não é apenas uma questão estética. É uma doença crônica, inflamatória, que precisa ser identificada e tratada o quanto antes. Quanto mais cedo começamos o tratamento, melhores são os resultados e menor o impacto na qualidade de vida.

Por isso, se você é mãe, irmã ou até adolescente e percebe que algo no seu corpo não está “normal”, procure um especialista. Aqui na minha clínica, nós temos protocolos personalizados para adolescentes, respeitando cada fase do desenvolvimento.

Quer saber mais sobre como posso ajudar? Agende uma consulta e vamos entender o que o seu corpo está tentando te dizer.