Obesidade e microbioma intestinal: a conexão entre bactérias e peso

Obesidade e microbioma intestinal estão diretamente conectados e influenciam o metabolismo, a regulação do apetite e a absorção de nutrientes. 

O intestino humano abriga trilhões de bactérias que desempenham papéis essenciais na digestão e na saúde geral. Estudos recentes revelam que o desequilíbrio dessas bactérias, chamado disbiose, pode levar ao ganho de peso e dificultar o emagrecimento.

Muitas pessoas acreditam que a obesidade se resume a “comer demais e se exercitar pouco”, mas a ciência mostra que o microbioma intestinal tem um impacto muito maior do que se imaginava. 

As bactérias intestinais regulam a inflamação, produzem substâncias que afetam o metabolismo e até interferem na vontade de comer certos alimentos. Quando esse equilíbrio se rompe, o corpo pode entrar em um estado pró-inflamatório que favorece o acúmulo de gordura.

A boa notícia é que, ao entender essa relação, conseguimos agir diretamente para melhorar a composição do microbioma e, consequentemente, facilitar a perda de peso. 

Estratégias como alimentação anti-inflamatória, suplementação com probióticos e ajustes no estilo de vida podem ajudar a reverter esse quadro e otimizar os resultados do tratamento da obesidade.

O que é o microbioma intestinal e por que ele afeta o peso?

O microbioma intestinal é o conjunto de micro-organismos que vivem no trato gastrointestinal. Ele é formado principalmente por bactérias, mas também inclui vírus e fungos. Esse ecossistema influencia diretamente processos metabólicos essenciais, como:

  • Digestão e absorção de nutrientes: algumas bactérias são responsáveis por fermentar fibras e produzir ácidos graxos de cadeia curta, que melhoram a sensibilidade à insulina e regulam a queima de gordura.
  • Produção de neurotransmissores: o intestino produz cerca de 90% da serotonina do corpo, o que afeta o humor, a saciedade e até os níveis de estresse.
  • Controle da inflamação: um microbioma saudável mantém a integridade da barreira intestinal, impedindo que toxinas entrem na corrente sanguínea e promovam inflamação sistêmica.

A composição do microbioma pode ser alterada por diversos fatores, como dieta rica em ultraprocessados, uso excessivo de antibióticos, estresse crônico e falta de diversidade alimentar.

Como a disbiose intestinal pode levar ao ganho de peso?

O desequilíbrio entre bactérias benéficas e patogênicas no intestino, chamado disbiose, tem sido associado ao aumento da obesidade. Quando as bactérias ruins dominam, ocorrem processos que favorecem o acúmulo de gordura, como:

Maior extração de calorias dos alimentos

Algumas bactérias intestinais aumentam a eficiência na absorção de calorias, levando o corpo a armazenar mais gordura.

Um estudo mostrou que pessoas com maior proporção de Firmicutes em relação a Bacteroidetes tendem a ganhar peso mais facilmente.

Inflamação crônica

A disbiose pode aumentar a permeabilidade intestinal, permitindo que toxinas entrem na circulação sanguínea. Isso gera inflamação, que afeta a resistência à insulina e o metabolismo.

A inflamação crônica favorece o acúmulo de gordura visceral e dificulta a queima de gordura.

Desregulação da fome e saciedade

As bactérias intestinais produzem substâncias que influenciam os hormônios do apetite, como grelina (fome) e leptina (saciedade).

O desequilíbrio do microbioma pode aumentar os desejos por carboidratos e açúcares, tornando o emagrecimento ainda mais difícil.

Estratégias para melhorar o microbioma e otimizar o emagrecimento

A boa notícia é que o microbioma intestinal pode ser modificado por meio de hábitos saudáveis. Algumas estratégias incluem:

1. Alimentação anti-inflamatória e rica em fibras

O consumo de alimentos naturais e ricos em fibras alimenta as bactérias benéficas do intestino, promovendo um ambiente favorável para o metabolismo.

Priorizar frutas, vegetais, legumes e sementes, que são fontes de fibras prebióticas.

Incluir gorduras saudáveis, como azeite de oliva, abacate e peixes ricos em ômega-3.

Reduzir o consumo de ultraprocessados, que contêm aditivos prejudiciais ao microbioma.

2. Suplementação com probióticos e prebióticos

Probióticos são bactérias vivas benéficas que ajudam a restaurar o equilíbrio intestinal.

Probióticos podem ser encontrados em alimentos fermentados, como kefir, iogurte natural e kombucha.

Prebióticos são fibras que alimentam as boas bactérias e estão presentes em alimentos como alho, cebola, banana-verde e batata-doce.

3. Redução do estresse e melhora da qualidade do sono

O intestino e o cérebro estão conectados pelo eixo intestino-cérebro, e o estresse pode impactar diretamente a composição do microbioma.

Práticas como meditação, exercícios físicos e sono de qualidade ajudam a equilibrar o microbioma e reduzir inflamação.

Estudos mostram que o cortisol elevado altera a permeabilidade intestinal e favorece a proliferação de bactérias inflamatórias.

4. Atividade física regular

Exercícios físicos não só ajudam na perda de peso, mas também favorecem o crescimento de bactérias benéficas no intestino.

Atividades aeróbicas e de resistência promovem uma microbiota mais diversificada.

O movimento melhora a função intestinal e reduz marcadores inflamatórios.

O futuro do tratamento da obesidade: personalização baseada no microbioma

O avanço da ciência tem permitido tratamentos cada vez mais personalizados para obesidade e microbioma intestinal. Já existem exames capazes de analisar a composição do microbioma e indicar abordagens específicas para reequilibrá-lo.

Além disso, pesquisas recentes exploram o uso de transplantes de microbiota fecal para tratar casos graves de obesidade e resistência à insulina. Essa técnica consiste na introdução de bactérias intestinais saudáveis em pacientes com disbiose severa.

A tendência é que, no futuro, os tratamentos para obesidade incluam abordagens personalizadas que levem em conta não apenas a alimentação e o exercício, mas também a modulação do microbioma.

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Emagrecimento começa no intestino

Obesidade e microbioma intestinal estão profundamente conectados. O equilíbrio das bactérias intestinais influencia a forma como o corpo armazena gordura, regula o apetite e processa os alimentos.

Se você tem dificuldade para emagrecer, mesmo seguindo dieta e exercícios, pode ser um sinal de que o seu microbioma precisa de atenção. Ajustar a alimentação, incluir probióticos e adotar hábitos que favorecem o intestino pode fazer toda a diferença nos seus resultados.

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