Por que algumas pessoas comem muito e não engordam? A resposta pode estar nos hormônios

Você já se perguntou por que algumas pessoas conseguem comer muito e não engordar, enquanto outras ganham peso com facilidade mesmo comendo pouco? 

Essa dúvida é muito comum e tem uma explicação que vai muito além da balança ou da contagem de calorias. A resposta pode estar nos hormônios — e entender esse processo é o primeiro passo para fazer as pazes com seu corpo.

Quando falamos sobre metabolismo, genética e hormônios, estamos tratando de mecanismos complexos que controlam como o corpo armazena gordura, produz energia e regula o apetite. 

E isso ajuda a explicar por que algumas pessoas parecem ter “metabolismo de atleta”, enquanto outras lutam diariamente com a balança, mesmo fazendo tudo certo.

No consultório, vejo de perto como essa frustração afeta a autoestima, o bem-estar e a relação com a comida. Mas a boa notícia é: existe resposta. E, mais do que isso, existe tratamento. Se você sempre se perguntou por que algumas pessoas comem muito e não engordam, vem comigo que eu vou te explicar.

Genética e metabolismo: o quanto isso influencia?

A genética exerce um papel importante na forma como o corpo processa os alimentos. Algumas pessoas têm variantes genéticas que favorecem uma maior taxa metabólica basal, o que significa que elas queimam mais calorias em repouso. Isso pode ser um dos motivos pelos quais conseguem comer mais sem acumular gordura.

Além disso, há genes que regulam a sensibilidade à insulina, o armazenamento de gordura e o apetite. Por exemplo, um estudo publicado na Nature Genetics identificou variantes no gene FTO associadas à maior propensão à obesidade. Já pessoas que não carregam essas variantes podem ter mais facilidade em manter o peso.

No entanto, genética não é sentença. O ambiente, os hábitos de vida e os hormônios atuam em conjunto com os fatores genéticos — e é aí que entramos com a estratégia certa.

O papel dos hormônios no controle do peso

Os hormônios são mensageiros químicos que regulam tudo no nosso corpo, inclusive o metabolismo. E quando falamos sobre comer muito e não engordar, eles têm um papel decisivo. Veja os principais envolvidos:

  • Leptina: é o hormônio da saciedade. Pessoas com resistência à leptina continuam sentindo fome mesmo com reservas de gordura altas.
  • Insulina: controla o açúcar no sangue, mas também está ligada ao acúmulo de gordura. Alta insulina = mais gordura armazenada.
  • T3 e T4 (tireoide): regulam o metabolismo. Uma disfunção na tireoide desacelera a queima de calorias.
  • Cortisol: em excesso, favorece o acúmulo de gordura abdominal e a quebra da massa magra.
  • Testosterona e estrogênio: desequilíbrios hormonais dificultam o ganho de massa muscular e aumentam a inflamação, o que impacta diretamente o peso.

Quem tem o equilíbrio desses hormônios tende a metabolizar melhor os alimentos e evitar o ganho de gordura, mesmo com uma ingestão maior de calorias.

Termogênese adaptativa e gasto energético

Algumas pessoas possuem uma resposta termogênica mais eficiente. Isso significa que, quando comem mais, o corpo aumenta automaticamente o gasto calórico, evitando o acúmulo de gordura. É como se o metabolismo “acelerasse” para compensar o excesso calórico.

Além disso, o tipo de tecido adiposo também influencia. Pessoas com maior proporção de gordura marrom (mais ativa metabolicamente) conseguem queimar mais energia. Já quem tem mais gordura branca tende a armazenar mais gordura e queimar menos calorias.

O que isso quer dizer? Que não é só sobre o quanto você come, mas como o seu corpo responde ao que você come.

Inflamação crônica e resistência hormonal

Muitas pessoas não conseguem emagrecer não por falta de esforço, mas porque vivem com inflamação crônica silenciosa. Essa inflamação altera a ação dos hormônios e desacelera o metabolismo.

A resistência à insulina, por exemplo, impede que a glicose seja usada como energia. Isso aumenta o estoque de gordura. O mesmo acontece com a leptina: mesmo com altos níveis desse hormônio, o cérebro não “escuta” o sinal de saciedade.

Por isso, quem tem desequilíbrios hormonais pode engordar com mais facilidade, enquanto quem tem o sistema equilibrado consegue comer mais e manter o peso estável.

O papel da microbiota e da saúde intestinal

A saúde intestinal também influencia muito no metabolismo e na composição corporal. Pessoas com disbiose (desequilíbrio da microbiota) têm maior tendência a inflamação e ganho de peso.

As bactérias do intestino influenciam na produção de neurotransmissores, como serotonina, e até na sensibilidade à insulina. Estudos mostram que uma microbiota equilibrada pode favorecer o controle de peso mesmo com uma ingestão calórica maior.

Isso mostra que quem consegue comer muito e não engordar provavelmente também tem um intestino saudável — o que precisa ser investigado e tratado de forma individual.

Efeito dos hábitos e estilo de vida

Claro que não dá pra ignorar o estilo de vida. Algumas pessoas que parecem comer muito também são mais ativas, dormem melhor e vivem com menos estresse. Tudo isso ajuda a manter o metabolismo funcionando bem.

O sono regula os hormônios da fome e da saciedade. Já o estresse crônico eleva o cortisol, que favorece o acúmulo de gordura. E o sedentarismo diminui a queima calórica, mesmo com alimentação equilibrada.

Então, antes de comparar sua alimentação com a de outra pessoa, é importante olhar para o contexto completo. O peso corporal é resultado de vários fatores, não de uma única refeição.

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Genética e hormônios importam, mas não são tudo

Comer muito e não engordar pode parecer injusto, mas a verdade é que cada corpo tem uma forma única de funcionar. Se você sente que faz tudo certo e mesmo assim não consegue resultados, o problema pode estar nos seus hormônios, na inflamação silenciosa ou até na sua saúde intestinal.

Aqui na clínica, avalio todos esses aspectos para montar um plano de tratamento completo, personalizado e de verdade. Porque ninguém merece viver lutando com a balança sem entender o que está por trás disso.

Se você quer descobrir o que está impedindo o seu emagrecimento, agende sua consulta comigo. Vamos investigar o seu metabolismo, seus hormônios e montar a estratégia certa para o seu corpo.